Conversa fiada só amanhã | 13 de maio de 2014 - 01:24

Aos olhos que brilham...

“a liberdade é ideal, irreal."
Mario Fumanga




Muito sono, mas pululam pálpebras quando do sorriso dos brilhos que se fazem sons e o gesto da involuntária atividade perde-se no encanto do fazer-se algo. Inaudível, é certo, nesse tilintar exprime o belo ainda não desvelado, ainda não patente, ainda não, ainda... De que me valem os neons das ruas escuras? De que me valem as tintas sem corantes? De que me valem os feios sorrisos sujos dos homens que não olham no espelho? De que me valem? A palavra veio na imagem condensada e a efemeridade do querer estar junto perdurou junto aos eternos milionésimos de segundos que a temperatura de teu olhar aqueceu o que não estava frio, mas incandescente de gelo. A dificuldade do desvio é notória, e a possibilidade do encontro se quer “necessária”; grande dia dos atrasos, que não são longos e não se perdem no espaço, gera-se embrião que quando gameta não a sabíamos. Onde se encontrava que não a via? Onde estavas que nunca pisei em seus pés para ouvir o grito de indignação? Onde estás/esteve, bela menina dos olhos que brilham e do ar que se quer distante? Não, não é um escrito de poeta para a musa que o inspira, não és musa, és brilho; a musa se faz idealizada, o brilho é explícito e não permite idealizações, só exige potência para sua captação. A paralisação, às vezes, é patética, assim me senti quando do visto. Os óculos ajudam na proteção da cegueira urgente, mas meus olhos se querem livres, e quero ver, mesmo que ofuscado por quem traz, trouxe e leva esse clarão de significantes e significados. Sim menina, seus olhos são um texto que ainda não consegui escrever, tentarei perfilar as letras e ouvir o inaudível som do sorriso; a construção da imagem, espero, se fará impressa, mas não me desespero já que sei, com Heráclito, que “o homem nunca toma banho no mesmo rio, pois nunca será o mesmo homem e nem as águas serão as mesmas”. Aqui o movimento é ditatorial e a inércia foi dizimada pela proximidade do brilho. Para que parágrafo num grito de felicidade? Não quero dar chances à pausa, pois ela pode nublar a limpidez do momento de sua captura que a noite se faz notar, mas já é dia e os pingos do orvalho têm a luz que brilha no céu da boca que meus lábios tocam, pervertido pelos olhos sinto aquela “coceirinha” ativar a sensação de latência do corpo; não estou dormindo, apenas bêbado de luz. 


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Sobre o autor

Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal Fluminense (UFF/1993), Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/1998) e Mestrado em Educação pela UFF (2000), Especializado em Sociologia Urbana (UERJ). Atua em sala de aula há 30 anos, principalmente com Redação. Corrige textos com um nível de exigência um tanto maior que os Concursos Públicos. Ama Blues e nas pós-correções(?) de redações conversa com o Johnnie, Jack e Tanqueray... Seus companheiros de estradas intelectuais.

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