SOBRE 'RAUL SEIXAS: EU SOU'
Demétrio Sena - Magé
Depois que a série sobre Raul Seixas começou a veicular na Globo play, muitos líderes religiosos mandaram seus fiéis deixarem de gostar das músicas do Raul. Pessoas que até poucos dias ainda cantarolavam canções do "maluco beleza" ou as escutavam, reflexivas, agora saem de perto ou mudam a estação de rádio, quando tocam tais canções.
Um filme ou documentário sobre pessoa notória passa pela vida pessoal, porque a pessoa, embora revestida pelo mito, é uma pessoa. Com trajetória profissional e pública, mas também trajetória pessoal, que talvez explique a outra. Entretanto, o que um documentário celebra, quando é para celebrar, é a obra. O que essa pessoa deixou como contribuição cultural, científica, desportiva ou de qualquer de outra natureza.
Se Raul Seixas teve uma vida menos ou até nada convencional, mas não causou quaisquer danos reais à sociedade... se não violou direitos humanos... não foi g&nocida, traficante, abusador... se apenas escandalizou e se auto destruiu, realmente não vejo no que sua obra se torne menos importante ou genial, em razão exclusiva de sua vida privada... mesmo que tenha sido completamente promíscua.
RAUL SEIXAS: EU SOU é uma série emocionante sobre a vida e a obra de um gênio da nossa música, que deixou um legado artístico maravilhoso. Gênio que só fez mal para si mesmo, em razão da dependência quimica e da ingenuidade com que buscou e difundiu a ideia de um mundo ilusório e de uma sociedade livre, como deve ser, porém ele a queria sem nenhuma responsabilidade social, pessoal nem familiar.
O legado de Raul para nossa cultura deve ser dissociado da pessoal. Até porque, embora de formas distorcidas, ele foi um grande ativista para um mundo melhor. Quem entendeu sua sociedade alternativa, com a devidas responsabilidades inerentes, entendeu tudo. Não dá para entender é existir quem ordene de que ou de quem podemos gostar.
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