Cidadania | 17 de setembro de 2019 - 22:09

Manguezais inspiram menino e escrever redação vencedora no Parlamento Jovem de Guapimirim

Baixada Fácil
Manguezais inspiram menino e escrever redação vencedora no Parlamento Jovem de Guapimirim

O que poderia ser mais um dia na rotina escolar do menino Fabiano de Melo, 15 anos, aluno do 9º ano da Escola Municipal Professora Ilza Junger Pacheco, em Guapimirim, foi o inicio de uma aventura inesquecível que transformou a vida dele. Durante uma visita à exposição do Projeto UÇÁ na cidade, o jovem foi convidado a um passeio que o inspirou a escrever uma das redações vencedoras do concurso para o Parlamento Jovem de Guapimirim. Fabiano se tornou, em agosto, o primeiro vereador mirim cego do município.


A aventura começou quando a professora e mediadora pedagógica do jovem, Joana Darck, o levou para visitar a exposição do Projeto UÇÁ — uma iniciativa da ONG Guardiões do Mar, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental — em uma escola da cidade. A mostra, que contava com modelos táteis do caranguejo-uçá, encantou Fabiano.


Diante do deslumbramento e entusiasmo do menino com os caranguejos, a educadora ambiental, responsável pela área de Educação Ambiental Inclusiva do Projeto UÇÁ, Helensandra Costa, o convidou para uma visita aos manguezais da APA de Guapimirim. Durante o passeio, Fabiano fez a sua primeira viagem de barco, percorrendo os rios caudalosos da região, também conhecida como Pantanal Fluminense.


“A visita do Fabiano à APA teve início com o reconhecimento da vegetação local e típica da Mata Atlântica, onde diferentes tipos de árvores lhe foram apresentadas, assim como as suas características, principalmente comparando-as à vegetação típica do manguezal, cujas adaptações das raízes são diferentes, em função do solo e outros aspectos. Para que ele compreendesse melhor, foram apresentados modelos táteis de árvores similares as que ele conheceria na fase posterior da visita, já no manguezal. A partir dos modelos ele pôde compreender as diferenças entre as vegetações, possibilitando a formação do conceito sobre o manguezal, que já é complexa para quem pode enxergar”, relata Helensandra.


No trajeto, Fabiano foi guiado a recolher eventuais resíduos, que vez ou outra apareciam flutuando na água, fornecendo assim mais material para aguçar o interesse do menino, que ficou desapontado com a presença da poluição mesmo em um lugar protegido. “Aprendi que não se deve jogar lixo na rua ou nos rios porque isso mata os animais e mesmo as pessoas”, observa ele.


Toda essa aventura e aprendizado o levaram a escrever uma redação sobre a experiência e inscrevê-la no concurso para o Parlamento Jovem de Guapimirim, no qual foi um dos nove jovens vencedores, sendo o único com deficiência. A posse ocorreu no dia 13/08. Fabiano ficou tão ansioso e emocionado que desmaiou antes da solenidade. Mas após um suco de maracujá, logo se recuperou.


Nessa missão, ele espera aprender ainda mais e contribuir com as causas ambientais e das pessoas com deficiência. “Espero poder ajudar as pessoas como eu a terem seus direitos garantidos”, afirma.


E ele já está colhendo resultados com sua vitória: “Antes, a câmara não era adaptada para pessoas com deficiência visual. No momento que ganhei, ela começou a se adaptar”, conta.


A professora Joana Darck orgulha-se do aluno: “Trabalhar com o Fabiano é uma experiência nova todos os dias. Ele está sempre empolgado para aprender mais. Em nossa trajetória de quatro anos aprendi com ele a valorizar coisas simples, como o som das águas na cachoeira e o calor do sol em dias quentes. Estou muito orgulhosa dele e agradecida às pessoas que se juntam a nós proporcionando a ele experiências concretas e dando-lhe visão através das sensações e toque. Por meio dessa iniciativa, do Parlamento Juvenil, muitas pessoas com deficiência poderão ser representadas pelos projetos de lei que o Fabiano vai propor, sentindo-se cidadãos integrados e inclusos na política municipal”.


 


Projeto UÇÁ


Com o patrocínio da Petrobras – o Projeto UÇÁ já reflorestou em quatro anos mais de 182 mil m² de manguezais. Além de ser objeto de artigos, trabalhos de conclusão de curso e quatro dissertações de mestrado. Neste biênio 2018-2020, ele atua na melhoria da qualidade ambiental em 10 municípios da região da bacia contribuinte da Baía de Guanabara. São feitas ações de manutenção e monitoramento de manguezais, educação ambiental e produção de conhecimento científico de forma sustentável, priorizando os pescadores e catadores de caranguejo. O objetivo é contribuir para o conceito de “Lixo zero” e as práticas corretas de descarte de resíduos sólidos na Baía. Mais informações na página: facebook.com/projetouca/