MÃO AMARELA
Demétrio Sena - Magé
Todos os anos, a partir de novembro já começo a fechar a janela do meu ser, para quem me procure com ares clandestinos e a malfadada "mão amarela" de quem soltou gases toda vez que podia poupar minhas ventas e fazer algo mais agradável... ser alguém relevante para a importância de nossos laços.
Ajo assim com quem sou invisível cotidianamente, a menos que lhe pareça usável. Para quem me põe numa fila por seu bem querer, sua lembrança, porque afinal: eu ser ou não ser nunca tem relevância em seu conceito; basta estar; simplesmente estar, nos momentos exatos de suas vontades.
No fim de ano me fecho para quem sei que virá depois de tanto me preterir, me tratar como quer, me fazer invisível nas não urgências. Aí não abro mais fresta; mais ninguém entra com flores, depois de tantas farpas, nem me ilude mais com festa, se por vezes seguidas me pôs no limbo de sua atenção.
Não serei natalino só por ser oficialmente o natal. Só abrirei de novo a tramela, o portal dos meus braços, quando o abraço de quem me castigou quase o ano inteiro com a sua indiferença não for apenas um ato obrigatório; por mera tradição. Ou quando a mão estendida já não estiver "amarela"...
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Respeite autorias. É lei