• Baixada Fluminense | 09/11/2025 - 16:22
Enviado por Demétrio Sena em

O MESMO EU

Demétrio Sena - Magé 

Vou me perdendo nas inter-relações. Todo mundo se converte a uma religião ou resolve ser mais "próximo de Deus" do que já é, na religião que professa... ou adota uma nova ideologia, um pensamento filosófico da moda... eu fico aqui, sempre agarrado em mim... insistentemente quem sou. Uns descobrem que têm que ser mais severos, outros, mais prósperos... ainda outros, mais musculosos, enturmados, mais machos, mais recatados, menos acessíveis aos esquisitos.

Eu, esquisito, fico aqui. O mesmo; sem tendência, moda, longe da multidão, sem estudar psicanálise, procurar psicanalista para descobrir que fui rei, gladiador, Nero, Spartacus, Calígula, Napoleão. Todos vão aderindo a retrocessos fantasiados de avanços, a múltiplos grandes eus ilusórios e percebendo que fico aqui... o eu raiz, que não para de fazer poesia, que aprecia ficar pelado, faz origami, não vê pecado nem imoralidade nos muitos desempenhos da carne humana.

Vou perdendo pessoas. Pessoas que se descobrem puras demais para minha impureza. Ou ser tornam empreendedoras demais para o meu comodismo. Chiques demais para minha simploriedade. Muito rudimentar para os sociólogos com quem convivem ou são. Fico aqui, me levando para todo lado, sem me readaptar conforme as convivências ou "tomar jeito" na proporção da idade. Nas exigências do tempo. No inchaço da sociedade sem tempo para pessoas que não correm junto.

Fico aqui, no mesmo mundo redondo, nos mesmos protestos sociais, o mesmo apego aos afetos em que acredito e o mesmo amor por árvores; pelos pássaros que as habitam... pelas artes, os livros de papel, rios secretos, amizades também secretas, as que ninguém entenderia, e sem aquelas que elas próprias passaram a não entender. As pessoas vão se tornando "bem melhores", e fico aqui. Nem melhor nem pior... apenas, insistentemente, o eu de sempre... o eu raiz.

...   ...   ...

Respeite autorias. É lei 


 

 

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