QUIMERA DE TOINHO
Demétrio Sena - Magé
Não é ficção. O texto, é, mas a realidade que ele retrata, não. Vamos exercitar nossa humanidade? Vamos refletir?
O homem trajava terno. Saiu de seu carro e vomitou... vomitou muito. A rua estava deserta... quase deserta.
Do meio do lixo vem Toinho, para meio distante, assiste à cena. O homem de terno acaba, puxa um lenço, enxuga os lábios, olha em volta.
Quando volta ao carro e vai, Toinho vem. Quer ver o que o homem vomitou. Olha pro chão, confere a gosma. Nela tem pera, uva, bife, arroz com salada, e a cor escura, deve ser da Coca-Cola.
Toinho pensa nem sei quê. Melhor assim. Dá fim ao plano e sai tristonho. Quando é noite, os mesmos trapos, os piolhos que atormentam na sujeira da marquise.
Mas a noite foi melhor... bem bem melhor! Foi de gala pra Toinho, no seu sono. Ele sonha que usa terno, sai de seu carro e vomita... vomita muito! Pera, uva, bife e arroz, salada e Coca-cola!
Só que o dia vem cruel... quando a luz lhe fere os olhos, Toinho acorda e chora mudo...
Toinho não tem o que vomitar.
... ... ...
Respeite autorias. É lei