• Baixada Fluminense | 09/11/2025 - 16:27
Enviado por Demétrio Sena em

SEIS POR MEIA 

Demétrio Sena - Magé 

Pela convenção oficiosa, de uns anos para cá, não existe mais o númer  seis. Nem o vinte e seis. Muito menos o seiscentos e trinta ou qualquer outra composição numérica na qual o antigo seis esteja enfiado, seja em que posição for. Quem antes morava na Rua dos Romeiros, número sessenta e seis, mesmo não tendo se mudado nem havido quaisquer alterações de números em sua rua, hoje mora no “meia meia”. Ainda se escreve 66, mas não é sessenta e seis. É “meia meia”. E tenho certeza de que você leu meia meia, mesmo diante dos algarismos exatos.

Pois é; o diabo do meia invadiu as nossas vidas e não aceita concorrência. Quando alguém o pronuncia, temos que adivinhar que se trata de meia dúzia; não de meia dezena, meia centena, meia milha, meia lua ou meia fedorenta. Ele desmantela e distoa, e mesmo assim é soberano. Quem quiser que especifique e dê sobrenomes aos outros meias, pois o meia reinante é ele, o meia dúzia, que não aceita mais que o xinguem de seis. Quem o fizer, pode ser prontamente rechaçado, ainda que delicadamente, pelos meeiros de plantão, que na verdade são quase todos.

Se lhe pedem o número de seu telefone e você começa: “Dois oito seis...”, logo é interrompido: “Dois oito meia; né?”. Até o famoso número da besta está mais besta do que nunca; ou seja: mais “meia meia meia” do que já era. Nada de “seis seis seis” nem de seiscentos e sessenta e seis, e ninguém é besta de protestar. O mundo está realmente cheio de crianças com meia anos de idade... ou idosos com meia cinco anos; pessoas de um metro e meia zero de altura, e calcule comigo: seis dúzias de ovos, agora, são meias dúzias de ovos. A velocidade ideal para carros em algumas estradas intermediárias é meia zero quilômetros por hora.

Ficou mesmo engraçado contar, depois da onda do meia: “um, dois, três, quatro, cinco, meia...”; “trinta e quatro, trinta e cinco, três meia...”; “cinco mil, novecentos e noventa e oito; cinco mil, novecentos e noventa e nove; meia zero zero zero...”. Para ser sensato, é melhor ficar por aqui, pois se a mania tomar (ou já tomou) o mundo inteiro, não poderei debater contra os mais ou menos meia meia meia meia meia meia meia meia meia meia habitantes do nosso planeta. 

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Respeite autorias. É lei 

 

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