VÍCIO DE MAUS TRATOS
Demétrio Sena - Magé
A leveza e a espontaneidade; à vezes até uma disponibilidade além do esperado e a fluência de uma pessoa com algum protagonismo local geram muitas desconfianças. Quando não acham que esse cara/essa cara é "um tremendo um sente um", veem sempre nas falas e nos gestos do indivíduo, aquela hipótese de uma mensagem subliminar; uma grande malícia da qual ninguém se deu conta. Ali tem sempre um "aí tem".
Para quem quer ser levado - equivocadamente - a sério em determinados ambientes onde exerce algum protagonismo, isso quase nunca falha: ser pessoa pedante; com aquele nariz de quem procura o autor de um flato; aqueles olhos de quem só vê insetos ao seu redor. Muita gente acredita que é mesmo inseto, na presença de um "pavão". Fica cheia de sim, senhor/sim, senhora, e pode até não gostar de como ele age, porém finge. Gente que não sabe por que é mal tratada, mas acredita que a pessoa que a trata mal sabe.
Por outro lado, se o "pavão" à primeira vista revela não ser exatamente pavão, mas, povão, aí começa o "aí tem". É inquietante para quem sempre foi tratado como inseto, ser tratado como gente por quem é do grupo que trata como inseto. A leveza incomoda; uma eventual brincadeira sem graça, mas também sem malícia ou indecoro (talvez até para quebrar o gelo), desce como fel; grave ofensa... "só pode ser ofensa", pois ninguém entendeu não exatamente a brincadeira, mas tal pessoa ter brincado.
É deprimente para mim, a existência de fãs da prepotência e dos maus tratos. Tietes das caras feias e dos narizes empinados. Admiradores de quem exclui, faz que não vê, cumprimenta entre dentes - quando cumprimenta - e sempre deixa explícita sua expressão de cada "um no seu quadrado"; "eu aqui, você aí". Dá pena ver pessoas que nem esperam ser excluídas; elas mesmas adiantam o que acham óbvio e se auto excluem.
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Respeite autorias. É lei